Depois do Horizonte
"É difícil antecipar uma conversa mais interessante do que com alguém que persiste em dar voltas ao mundo, viajando de moto, jipe ou camião. Assim é Christopher, nómada por opção."
"Christopher Many é o autor do best-seller “Left Beyond the Horizon – A Land Rover Odyssey” (nome original). Nasceu em 1970 na cidade de Nova Iorque, filho de pai americano e mãe alemã. Teve uma infância a brincar nas ruas sem árvores, ensombradas pelos arranha-céus da “Big Apple”. Era nas férias que corria solto pela floresta, dormia nos montes de feno e cavalgava as vacas, quando a mãe o levava à Alemanha ou à Suécia para visitar a família. Podemos imaginar onde se sentiria melhor...
Gene nómada
Com 11 anos volta com a mãe para a Europa, onde aguça a vontade de descobrir o que existe “depois do horizonte”. A irrequieta criança desde sempre teve uma habilidade enervante de quebrar as regras convencionais e seguir os próprios sonhos. Entre os 18 e 26 anos morou em autocaravanas, perto de um estaleiro na Baviera onde trabalhou como construtor de barcos de madeira. Deixou o emprego em 1997, vendeu todos os pertences e comprou a “Puck”, assim apelidou a Yamaha Ténéré 660. “Cedo parti da Alemanha para chegar à Nova Zelândia, via Índia” conta-nos Christopher, numa conversa animada com a revista Overland Portugal. “A viagem deveria durar apenas um ou dois anos, mas passaram 24 e ainda estou a dar voltas ao mundo.”
“Não sei dizer como e quando começou o meu gosto por viagens“, prossegue. “O desejo de explorar o mundo ou surge no meio de experiências ou se nasce com ele.” Cientistas em genética molecular no Max Planck estudam a genética comportamental e acreditam existir um gene “nómada”, a mutação hereditária DRD4-7R, ligada à curiosidade e à inquietude. Um em cada cinco humanos tê-lo-ão e Chris acredita ser um deles.
Nenhum gene sozinho será responsável pela nossa personalidade e comportamento. Para ele, foram vários os factores que contribuíram para a sua inquietação. Aos 12 anos, forrava as paredes do quarto com mapas e nas estantes alinhavam-se os livros de aventura de Jack London e Bruce Chatwin. Já em adolescente sonhava com viagens, seguindo os passos do autor da famosa frase “Dr. Livingstone, I presume?”, Henry Morton Stanley, na expedição em África descendo até a nascente do Nilo. “Eu sonhava em cruzar o Sahara e escalar o pico mais alto de todos os países”, revela-nos."
(excerto)