ImilChilled
Marrocos não é só feito de Sol, deserto e calor tórrido. Um universo quase paralelo esconde-se na montanha do Alto Atlas, polvilhado de neve e roupa quente.
Depois do bulício das ruas apertadas de Fés, esperava-nos o Atlas, o Alto, o magnífico que tudo testemunha desde as suas cumeadas cobertas de neve. Mas era o silêncio de um pequeno vale encaixado na montanha que nos movia. Aí dormiríamos na tenda depois das duas noites a sentir-se inútil e enxovalhada num parque poeirento às portas da maior medina de Marrocos.
Este é o camaleão dos países de África — um dia de viagem leva-nos do bazar frenético à calma da montanha, dividida apenas com pastores e rebanhos. Vencida a portela — ou passo — e a montanha revela o vale tranquilo de uma das aldeias que se mantém genuína, apesar de estar no caminho de uma das maiores atracções turísticas do reino — a garganta do Todgha.
Já procurávamos no saco a roupa mais quente e ainda o Sol ia alto na descida para o Auberge Tislite, reflectido no espelho de água, perfeito não fora os patos do pequeno lago. A estrada continua por mais uma meia-dúzia de quilómetros antes de se chegar à aldeia. Mas estamos interessados no caminho de terra que leva até às margens.
Viéramos entretidos a partilhar as histórias de viagens passadas, todas feitas de moto e todas — sem excepção — com uma paragem para visitar Malika. Uma mulher pastora simples, tomou nas suas mãos explorar o pequeno albergue com apenas quatro quartos em volta de um páteo interior e um fogão a lenha.
(excerto)