Caçadores de Estrelas

"Quarenta. 

O termómetro cumpria a promessa do oráculo online — tempo quente e seco. Nada disto seria inesperado em pleno mês de Julho, não fora este um dos anos mais regados pela chuva de que há memória no Alentejo. — «Até nas pedras cresce erva» — usando a expressão popular alentejana, repetida nas conversas que fomos semeando pelos cafés nas aldeias. 

Mas isso não impediu que, em menos de um mês, as planícies norte-alentejanas trocassem o verde pelo dourado, agora sem as flores brancas e amarelas que deram lugar às serugas que levamos connosco para casa espetadas na roupa." "O calor pede água, fresca de preferência. As barragens convidam e nós aceitamos. 

Chegámos às margens da albufeira, ainda gorda e cheia, com as pequenas ondas a tocar os grossos troncos do montado de sobreiro. A estrada acaba junto às ruínas com duas pequenas casas já sem telhado e vencidas pelas silvas. Do lado de cá da cerca, uma vaca colhia os frutos da sua ousadia, depois de arriscar mergulhar para aqui chegar. Interrompe a pastagem, levantando a cabeça e descobrir a pick-up preta que se acerca. 

Nem o «mata-vacas» a parece assustar."