Língua dos Pês
Para ir para o Pego das Pias, partimos na pick-up, pisamos no pedal até pararmos ao pé da pequena poça, perto dos peixes pequenos. “Podia passar por Paraíso”, pensámos.
"Os alentejanos de Odemira fixam-se no que a carrinha preta carrega sobre si mesma. Estão habituados a ver as pranchas de surf – afinal a costa alentejana não está assim tão longe, ainda que fique na outra direcção. Não são estranhos aos todo-o-terreno que se dirigem para a serra. Há um enigmático volume negro anichado sobre a caixa de carga. As letras vermelhas que de lado formam a palavra DARCHE não revelam muito, enquanto vamos espalhando cabeças a serem coçadas de curiosidade."
Pistas paralelas para passeios peripatéticos
"O limite nascente do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina é desenhado pela N120, seguindo para norte desde Odemira. Quando encontra a Torgal, ribeira afluente do Mira, a estrada torna-se ponte. Antes de entrar nela, há um caminho de terra a Nascente, seguindo os meandros da ribeira. Mas há outro na margem oposta, quase paralelo, acessível depois da travessia da ponte. O primeiro tem um piso melhor, apto para quaisquer veículos, até se tornar num caminho de cabras, literalmente. É então interrompido por largos barrotes de madeira escorados no caminho, antecedendo uma cancela tosca em madeira onde se lê «Proibido a cães e carros». O segundo, mais estreito, irregular e desafiante em alguns troços – estado agravado durante e após as estações chuvosas –, é o único que permite às quatro rodas chegarem mesmo ao Pego das Pias."
(excerto)